sábado, 18 de outubro de 2014

O ATO E O FATO


Brasilino Neto
Abordo esta semana uma questão política, que quanto a ela o que de mais brando posso dizer é “que é uma indecência”.

Faço referência à excrescência, quanto aos votos não dados aos suplentes de senador e às benesses disto decorrente.

Cito, por exemplo, o caso do senador eleito por São Paulo, José Serra, que tem como seu primeiro suplente José Aníbal e como segundo Atílio Francisco da Silva.

Este senador teve 11.105.874 votos e cabe então aqui perguntar: será que temos neste universo de 11.105.874 eleitores de Serra, apenas 1% deles, o que corresponde a 111.058 votantes, que sabe quem é Atílio Francisco?

Não creio. Mas o que posso fazer numa situação desta senão escrever, de forma indignada, como ora faço?

E o que é mais grave nesta situação é que Atílio Francisco tem enorme probabilidade em ser o senador por São Paulo.

Explico: admitindo que o candidato do PSDB à presidência saia vencedor, Serra poderá ser convidado para integrar algum ministério, abandonando seus eleitores, como costumeiramente faz, como no quando deixou a prefeitura de São Paulo para candidatar-se a governador e de governador à presidência da República.

Seu primeiro suplente é José Aníbal, destacado no PSDB certamente também será convidado para integrar o executivo e ai então o que resta? Atílio Francisco como senador por São Paulo, sem ter recebido diretamente um único voto, bastando para esta constatação visitar o sitio www.eleicoes2014.com.br/atilio-francisco.

Esta é uma situação que pode ser comparada à tristemente famosa “bala perdida”, situação recorrente neste país chamado Brasil, pois o voto é disparado em favor de “a”, que ganha mas não assume, “b”, segundo que não recebeu um só voto direto também não quer e “c”, o terceiro, com “zero” voto, Atílio Francisco, será o grande senador por São Paulo.

E a representatividade que Serra detinha como fica? Os 11 milhões de votos foi para ele ser senador ou abnegar do cargo e entregar para Atílio Francisco?

A situação de Aloysio Nunes, que concorre à vice-presidência pelo PSDB é idêntica, pois seu primeiro suplente é Airton Sandoval Santana, hoje assessor da Prefeitura de Franca e Marta Maria Freire da Costa a segunda.

Assim se o PSDB vencer as eleições presidenciais Aloysio será o vice-presidente e deixará o cargo de senador por São Paulo, assumindo seu lugar Airton Sandoval ou Marta Costa, que com Marta Suplicy serão os representantes de São Paulo no Senado.

E tem mais, se o candidato pelo PSDB vencer as eleições presidenciais, em seu lugar assumirá Elmiro Alves, ex-prefeito de Patos de Minas, que igualmente não recebeu diretamente um só voto.

Pode se dar esta indecência?

Respondo: Pode! pode sim, aqui no Brasil, mesmo quem não recebeu um só voto pode sim ser representante de São Paulo, o maior estado deste país chamado Brasil.

A situação de Aloysio Nunes e Airton Sandoval é mais uma “bala perdida”.

Esta situação pode ocorrer ainda mais difusamente por todo país, pois José Gonzaga (PSDB) assumirá como suplente de Cássio Cunha Lima, da Paraíba, Pedro Chaves do (PSC) de Delcídio do Amaral (PT) do Mato Grosso do Sul, Sandra Braga, (PMDB), de Eduardo Braga (PMDB) pelo Amazonas, Waldemir de Sena (PT), de Eunício Oliveira (PMDB), no Ceará, Eduardo Lopes (PRB), de Marcelo Crivella (PRB),no Rio de Janeiro, José Medeiros (PPS), que disputa a vaga na justiça com o empresário Paulo Fiuza (PV), de Pedro Taques (PDT), no Mato Grosso, Hélio Lima (PT), de Rodrigo Rollemberg (PSB), no Distrito Federal e Maria Regina de Souza (PT), de Wellington Dias (PT), no Piauí. Vejam, são mais oito “balas perdidas” que atingirão o Brasil.

Um país com essa mentalidade continuará a ser “O país do futuro” (que nunca chega).

3 comentários:

Lico disse...

Tinha decidido, relutantemente, dar meu voto a um dos candidatos a presidente, agora acabo de decidir ao contrário.

Anônimo disse...

Caramba, então eu que dei meu voto ao Serra fiz essa bobagem. Sou um ignorante mesmo. Me penitencio. Estou p da vida comigo mesmo.

Paulo L. disse...

Doutor Brasa estou com 62 anos e desde minha infância ouço dizer que o Brasil é o país do futuro, como você bem escreve, estou na fase descendente da vida e esse futuro não chegou e nem chegará para mim, tristemente. Se ao mesmos chegar aos meus netos já estará bom, pois aos meus filhos já acho difícil. A natureza é favorável a nós, mas seus mandatários são desoladores.