sábado, 25 de abril de 2015

Lula e Dilma vão do não sabia para o nada a ver



Preocupados com a saúde e com a imagem, Lula e Dilma incorporaram os exercícios físicos às suas rotinas. Estão satisfeitos com os resultados. Menos roliço, ele exibiu-se num vídeo. E ela celebrou com jornalistas o suadouro que a livrou de 13 quilos: “Eu me esforcei, né? Fiz exercício…Mas é às 7h da manhã, viu?'' Os novos hábitos fizeram bem ao criador e à criatura. Hoje, eles não carregam peso nem na consciência.

Lula, por exemplo, não tem nada a ver com o fiasco gerencial de sua pupila. “O fracasso de Dilma será o fracasso do PT, e o fracasso do PT será o fracasso de Dilma”, disse ele, como que lavando as mãos, num encontro do partido em São Paulo. Lula carregou Dilma nos ombros em 2010 e 2014. Vendeu-a como supergerente. Mas não tem nada a ver com a incúria administrativa dela.

O governo está tonto e sem agenda. Isso acontece a despeito dos contatos permanentes que Dilma mantém com seu padrinho e conselheiro político —ao vivo e por telefone. Mas Lula não tem nada a ver com a falta de rumo do Planalto. “Não podemos fracassar”, ele disse, agachando-se atrás do plural. “Temos que dizer ao PT qual a estratégia que vamos adotar no segundo mandato e qual a política industrial que vamos ter.”

A Petrobras encontra-se em ruínas. Acaba de contabilizar em seu balanço tardio perdas de R$ 50,8 bilhões —R$ 6,194 bilhões desapareceram no sumidouro da corrupção e R$ 44,63 bilhões perderam-se nos desvãos da incompetência administrativa. Mas nem Dilma nem Lula têm nada a ver com isso.

Numa entrevista concedida em Brasília, ela afirmou que, depois da escrituração dos prejuízos, a Petrobras “superou todos os problemas de gestão ligados à questão da Lavo Jato que por ventura ainda estivessem pesando''.

Na opinião dele, “se alguém cometeu algum ilícito ao captar dinheiro para financiar campanha tem que pagar”. João Vaccari Neto, o amigo que Lula avalizou na tesouraria do partido, está preso. Mas o morubixaba do PT, além de não ter nada a ver com coisa nenhuma, avalia que Vaccari é inocente. “Até a cunhada dele foi solta e nem pediram desculpas”, disse.

A bancada da Papuda já foi para casa, mas Henrique Pizzolato está na bica de chegar da Itália para reavivar a tatuagem do mensalão, espécie de segunda pele do PT. E continua em cartaz o petrolão, com direito a reencenações de José Dirceu. Lula não tem nada a ver com isso. Dilma também não.

A Petrobras é “uma grande empresa do ponto de vista financeiro'', disse ela, como uma Alice no país dos larápios. A estatal gera muitos empregos, declarou, saltitando à beira do precipício. E a companhia “está sendo premiada por ter resolvido como explorar petróleo em águas profundas ou superprofundas, que têm temperaturas e pressões extremas'', Dilma celebrou.

“Temos que levantar a cabeça”, ensinou Lula. “Somos milhões e não será pelo erro de um (!!!) ou dois (!!!) que vamos permitir que o partido acabe. Quem acreditar nisso vai quebrar a cara.” Nesse ponto, a militância atingiu uma espécie de orgasmo cívico, ovacionando o orador como opção presidencial para 2018.

São insondáveis os efeitos da dieta e da malhação na consciência de Lula e Dilma. O país está diante do desconhecido. A liberação de endorfina transportou as duas principais lideranças do PT do estágio da cegueira absoluta para a fase da alienação plena. Resta ao país acreditar na absoluta falta de responsabilidade da dupla. Pois se Lula e Dilma não sabiam de nada do que se passou nos últimos 12 anos, por que teriam que ter algo a ver com alguma coisa?

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