sexta-feira, 8 de maio de 2015

MULHERES DE PRESOS POLÍTICOS DA VENEZUELA PEDEM AJUDA AO BRASIL



Em emocionado depoimento à Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (CRE), nesta quinta-feira (7), a ativista Lilian Tintori criticou duramente o regime chefiado pelo presidente Nicolás Maduro, da Venezuela, e pediu ao Brasil que “se levante e alce sua voz e para ajudar cada venezuelano a levantar as bandeiras da democracia e dos direitos humanos”.

Esposa do líder de oposição Leopoldo López, ela estava acompanhada de Mitzy Capriles, esposa do prefeito de Caracas, Antonio Ledezma, e de Rosa Orozco, que teve uma filha assassinada durante manifestação contra o governo em Caracas. Leopoldo López está preso há mais de um ano. Também está na cadeia o prefeito de Caracas.

— O mundo inteiro sabe que na Venezuela não se vive em uma democracia. Mais de 80% dos venezuelanos pedem mudança. Necessitamos de ajuda dos países da região — disse Lilian na abertura da audiência pública promovida pela comissão, que contou com a presença de diversos deputados e foi realizada no auditório 2 da Ala Nilo Coelho, mais amplo que o reservado às reuniões ordinárias do colegiado.

Além de participar da audiência, as duas esposas seriam recebidas pelo presidente do Senado, Renan Calheiros, e pelo presidente do Supremo Tribunal Federal, Ricardo Lewandowsky. Mas não conseguiram marcar encontro com a presidente Dilma Rousseff. O presidente da comissão, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), e o senador José Serra (PSDB-SP) estiveram no Ministério das Relações Exteriores para tentar agendar uma entrevista com o ministro Mauro Vieira. Não obtiveram êxito. Apenas no final da reunião da comissão foram informados pelo senador Lindbergh Farias (PT-RJ) de que as duas seriam recebidas pelo chefe do Departamento de América do Sul 2, Baena Soares.

Segundo Lilian, ocorreram 25 mil mortes por violência na Venezuela no ano passado. Existem grandes filas para comprar alimentos, há dificuldade para se obter remédios e a inflação já alcança 74%. Além disso, observou, existem 89 presos políticos no país vizinho. Por sua vez, Mitzy lembrou que seu marido foi “simplesmente arrancado de seu posto de trabalho”, na prefeitura de Caracas, e está preso há três meses.

No depoimento mais contundente, Rosa Orozco informou que sua filha de 23 anos foi baleada “à queima-roupa” por um integrante da Guarda Nacional em 19 de fevereiro de 2014, simplesmente por participar de uma manifestação com cartaz contra o governo, e morreu dois dias depois. Ela mostrou aos parlamentares fotos de sua filha baleada.

— Não podemos permitir que essas coisas sigam acontecendo. Temos uma milícia de coletivos, que são pessoas civis armadas, que vivem matando os que opinam diferente do governo. É uma violação à minha alma, a minha vida se foi com minha filha — disse Rosa.

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