sexta-feira, 24 de julho de 2015

CPI evoluiu da inutilidade para a extravagância



A CPI da Petrobras precisa decidir se é um núcleo de investigação ou apenas um estorvo para atrapalhar o bom andamento da Operação Lava Jato. Na primeira condição, a CPI especializou-se em estraçalhar portas já arrombadas pela Polícia Federal e pela Procuradoria. Na segunda, vai se notabilizando por produzir extravagâncias que já justificam a abertura de uma CPI para investigar a CPI.

Chamado pelo delator Alberto Youssef de “pau mandado de Eduardo Cunha”, o deputado Celso Pansera (PMDB-RJ) se esforça para dar razão aos que não vêem motivos para acreditar na sua autonomia. Ele se dedica a atazanar a vida de quem ousa levar o presidente da Câmara à vitrine da Lava Jato.

Depois de pedir a quebra dos sigilos bancário, fiscal e telefônico de familiares do doleiro Youssef, Pansera requereu a convocação de Beatriz Catta Preta, advogada de nove dos 17 delatores da Lava Jato —entre eles Júlio Camargo, o lobista que acusou Cunha de embolsar propina de US$ 5 milhões. Exige saber a origem do dinheiro que banca os honorários da doutora.

A primeira esquisitice de Pansera foi derrubada pelo ministro Marco Aurélio Mello, no STF. A segunda pode ser revista por Sérgio Moro. O juiz da Lava Jato achou estranho que, com tantos advogados atuando na operação, a curiosidade de Pansera seja tão seletiva.

“Não se vislumbra motivo concreto para, entre tantos e tantos acusados e investigados em situação similar, ter sido selecionada pelo deputado federal exatamente a advogada Beatriz Catta Preta'', espetou Moro.

Foi contra esse pano de fundo que Catta Preta decidiu abandonar os nove clientes que defendia na Lava jato. Os amigos informam que a doutora deve se mudar para Miami, nos Estados Unidos. Pela distância que toma, pode-se intuir a intensidade da pressão que sofre. Diz-se que os partidos enviaram para a CPI da Petrobras os seus melhores quadros. Supremo mistério: por que será que só prevalecem os piores?

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