sábado, 6 de fevereiro de 2016

Alegria minha gente, é carnaval!


Clovis Cunha
Confesso que já fui um folião assíduo e animado. Hoje, nem tanto! Mas isso não significa que não goste de Carnaval como festa popular, como catalisador de massificação da alegria. Basta alegrar multidões para recomendar aprovação. Motivos para tristezas, temos muitos. E não precisamos ir longe nem puxar pela memória: olha a situação do Brasil aí, gente!

Recordar os carnavais de antigamente, dos anos dourados, sempre me remete, como a muitos que aqui viveram, a certo encantamento. Lembro-me de bailes de salão dos clubes Jequitibá, Associação, São João e da animadíssima Panela de Pressão. No carnaval de rua, além de lúdicos mascarados, os inesquecíveis Blocos. Não tinha elite nem humildes, todos se misturavam e saiam pelas vias públicas fantasiados ou apenas de bermudas e camisetas. Nos clubes e nas ruas, a festa era contagiante.

Tecer loas aos carnavais de ontem, não significa passar tão somente uma percepção saudosista, próprio de quem se distancia dos acontecimentos que julga agradável. De fato, o Carnaval de outrora era vivenciado com mais entusiasmo que os mais recentes.

Independente da comparação que cada um possa fazer entre nossos carnavais no contexto da temporalidade, o que interessa é que estamos vivenciando a mais um. Alguns certamente alegarão que não participarão da festa por causa da crise; que não dá para festejar quando o momento é de dificuldades financeiras, desalento. Realmente, vivenciamos tempos bicudos. O Brasil, que parecia avançar positivamente no âmbito sócio-econômico, a cada dia desce mais a ladeira em direção ao fundo de um poço assustador. Há preocupações diversas e muita negatividade no ar. Diferente do que possa parecer à primeira impressão, eis um forte motivo para que se aproveite esse período festivo. Disse o filósofo alemão Friedrich Nietzsche que seu remédio era o esquecimento. E em muitos momentos de nossa vida, o melhor tratamento para a desventura é esquecê-la, ainda que temporariamente, principalmente neste país que parece andar sempre sobre corda bamba. Crises quando não estão acontecendo, estão em vias de acontecer.

Então, é importante que nós brasileiros, aproveitemos o reinado de Momo para viver essa alegria temporária. E isso não se consegue somente vestindo fantasia, pulando que nem cabrito e enchendo o pote. O importante é que durante o Carnaval tentemos libertar nossa mente das amarguras cotidianas buscando refúgio na morada da alegria, onde habitam os lados bons da vida. É o que temos: a vida! Aqui e agora. Por isso, enquanto tivermos condições de aproveitá-la de algum modo — e cada qual sabe o que lhe faz feliz —, é imperioso que o façamos, com responsabilidade, antes que seja tarde. Mesmo porque, lamentar os dissabores e deixar de degustar os melhores sabores possíveis, não resolverá nenhum problema. Ao contrário, só os agravará.

Portanto, alegria, alegria: é Carnaval!

Um comentário:

Brasilino Neto disse...

Clovis que boa análise dos fatos e da vida. Parabéns pela apresentação. Assinaria este texto sem qualquer objeção.