sábado, 6 de fevereiro de 2016

POESIA DE SÁBADO

Academia Caçapavense de Letras

Minha escolha

O Poeta deste sábado é  GERALDO CHACON, com “ENFIM, MULHER !

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ENFIM, MULHER!


Cheguei da estrada, calada, triste e pensativa.

Trazia a alma impregnada de noite e de chuva

e o coração partido pelo amor perdido.

Tu me roubaste as roupas e os sentidos.

Tu me tomaste a boca

e me mordeste os seios

e me marcaste as pernas, a nuca

e nunca tão louca estive

entre outros braços.

Nunca, entre outros braços

me senti tão ardente e tão forte

tão perto da morte

e tão junto da vida!

Lutamos com mais furor

que a tempestade lá fora,

mas as árvores acalmaram os ventos

e teus carinhos os meus tormentos.

E rompeu a nova aurora

quando a luz do teu olhar

aqueceu-me todo o corpo

dando-me nova chama

e me fez sentir melhor

e me fez sentir mulher

quando te deitei na cama!

(Meu caderno de poesia. Flâmula, 2004.)

= = = = =


Caso queira ver sua poesia preferida aqui publicada, encaminhe acl.cacapavense@gmail.com

Brasilino Neto, membro da Academia Caçapavense de Letras

2 comentários:

AHT disse...

A Infância e os Quintais de Antigamente

Infância infância era, sem antes lavar as mãos, catar e comer frutas no pé!

Infância e molecagens, era ficar de olho vivo e picar a mula quando o dono da chácara aparecia bufando e com um pedaço de pau ou taquara na mão. Ou capar o gato quando a nossa mãe, com o avental sujo de ovo , toda nervosa e com uma varinha de marmelo pronta para nos aplicar um corretivo, e tudo por causa da arte que tínhamos aprontado para a aquela vizinha carrancuda e reclamona.

Século XX. anos 50, ainda era comum cercas de taquara na divisa entre os quintais das casas.

Quintais sem piso cerâmico ou cimentado. De chão de terra, galinheiro, horta e árvores frutíferas. Em muitos quintais, para o Rex, ou para a Duquesa, também a casinha de cachorro, ou um cantinho no ranchinho do tanque de lavar roupa. O gato? Ah!... no sofá da sala, ou perambulando pela vizinhança.

Galinheiro, nem que fosse apenas com uma galinha chocando meia dúzia de ovos, ou uma pata que não se importava com a falta do que seria hoje, em conformidade com novas necessidades criadas (e consumo...), de um "PPP" (Poleiro de Pato Privativo).

Horta, pelo menos um canteirinho de alface, ou couve. Também não podia faltar erva cidreira, ou erva doce, camomila, boldo.

Árvores frutíferas, nem que fosse apenas "meu pé de laranja lima", ou mexerica, pera ou baiana.

Mais supimpa ainda, se também tivesse pé de manga, ou abacate, carambola, jambolão, goiaba, amora, ou jabuticaba!

Século XXI, já passando da metade dos anos 10, onde estão os quintais de chão de terra,
as galinhas e patas, as árvores frutíferas?

E a infância infância, inocente, mas travessa por natureza?
Das molecagens que nos levavam a aprender sobre o ser humano e sua natureza?
E o melhor de tudo, trepar em árvores e se alimentar com os frutos da Natureza?

Pensando bem… um dia, os bem mais novos de hoje serão bem mais velhos e a Saudade os tocará - e, só então, ouviríamos as suas respostas para essas existenciais questões! rsrsrs…

E, para ilustrar e concluir, um vídeo que editei, mostrando o netinho Lucas: “O primeiro pé de amora jamais se esquece”, no YouTube: http://youtu.be/LDjmtuYOAE4


AHT
(Sábado de Carnaval, 2016)

PS: Nao é todo dia que acontece: ver um boitatá!

Infância, quintais, jabuticaba… lembrei de uma fato verídico, ocorrido nos anos 50. Eu devia estar com uns 5 anos de idade. Morávamos à Rua Cel. João Dias Guimarães, 205, Caçapava. Uma cerca de taquara fazia a divisa entre o quintal da nossa casa e o quintal da casa de Dona Morena, carinhosamente chamada de Vó Morena pelas crianças vizinhas.

Era uma noite de verão. Ao ver meu irmão Gijo, irmãs Maria e Marta saindo para o quintal, é lógico que fui atrás. De repente, vimos um fogaréu no quintal da casa da Dona Morena. Durou poucos instantes esse fogo de chamas claras. Com exceção do Gijo, o mais velho, ficamos assustados, pois aquilo seria um boitatá, pelo que deduzimos das histórias que nos contavam. Depois, o nosso pai explicou que naquele caso era um “fogo-fátuo”, uma combustão de gases emanados da fossa séptica no quintal da casa vizinha. Fizemos algumas perguntas e ouvimos mais algumas explicações: esse tipo de fogo também era comum acontecer nos pastos onde tivesse animais enterrados, etc.

Desse dia em diante, deixei de acreditar em boitatá, mas continuei por mais uns tempos acreditando em mula sem cabeça, corpo seco e saci pererê. Mas, à medida que fui aprendendo, além das escolas, com a realidade da vida e do mundo, nem cheguei acreditar nos partidos e políticos que aí estão, de colarinhos brancos e gravatas vermelhas ou azuis, chegados em um microfone, ou nos gabinetes dando canetadas, para enfrentar a árdua tarefa que é passar do Público para o Privado o excesso de arrecadação com os impostos & taxas, e lucros das Estatais – alias, lucros minguando cada vez mais... rsrsrs… (Na crise, ria e não chore. Se precisar, faça malabares nos semáforos.)

AHT disse...

Viventes, Saudosos e Saudosas


De viventes que um dia serão
- ou não, nossos saudosos e saudosas,
a vida também nos apresenta pessoas
religiosas extremosas e quase milagrosas!

Mas não podemos deixar de registrar
as raposas, nebulosas, nervosas e até furiosas.

Convive-se com as dengosas e as melindrosas.
Também com gulosas, adiposas e as dolorosas,
- ou, melhor ainda: se, também, mimosas!

Fugir devemos, das perigosas e perniciosas.

Respeitar e cultivar as amizades
com as amorosas, curiosas, carinhosas,
bondosas, briosas e gloriosas - para,
ao fim de nossas vidas, ninguém comentar:
- Foi uma pessoa teimosa,
viveu uma interminável rebordosa!



Anibal Tosetto (AHT)
08/04/2014